Meu relato pessoal sobre o luto

Esse não é um texto técnico sobre o processo de luto, mas sim um relato pessoal e existencial sobre viver um luto.Enquanto psicóloga, estudei sobre o luto e as suas fases na faculdade (negação, raiva, barganha, depressão, aceitação). Estudei sobre o luto existencial, as diferentes formas de enxergar e auxiliar alguém que passa por uma perda, e francamente nunca imaginei ter que viver isso tão cedo na vida.Infelizmente, se você quer um relato científico, não é isso que poderei te oferecer. Mas posso te oferecer a visão de como tenho vivido a minha experiência.Aprendo diariamente que viver o luto é totalmente existencial e particular. Sim, as fases do luto propostas por Kluber-Ross até existem, e fazem sim sentido (até certo ponto), porém o luto não é algo tão palpável e definível.O que eu percebo é que, a vida e a morte são muito mais profundas que isso.Eu aprendi que ao viver a morte de alguém, somos dadas a oportunidade de renascer. E assim como morrer, o renascer dói, é moroso, mas também é necessário. Quando entramos em contato com a morte, a vida é sobre o que mais podemos refletir: Estou vivendo a vida que preciso? Que gostaria de viver? O que considero que seja viver uma vida plena e feliz? Como posso me reajustar para vivê-la?Isso pra mim é uma das maiores lições. Aprendi a agradecer à morte por essas reflexões.Passei a perceber que a vida não é cíclica e finita à toa, e sim porquê há algo maior para além disso. O quê? Poderia ser Deus, ou algo estritamente espiritual, mas a verdade é que aprendi algo muito menos místico do que isso: A possibilidade de abraçar e agradecer a existência de alguém, aprendendo a celebrar a vida que existe em nós mesmos.E com isso, através disso, celebrar também a existência daquela pessoa que nos deixou na matéria. por isso aprendo muito com o filme “A vida é uma festa” da Disney, e admiro demais as culturas que vivenciam a morte e o morrer de uma maneira leve e diferente do que esperamos ser.Celebrar é honrar, é agradecer e é, acima de tudo, não deixar aquele que se foi, ir de fato. A memória vive. Por isso acredito também ser saudável, e mais do que isso, essencial, o seguinte: falar sobre a sua saudade, e sobre a pessoa que se foi.Não falar sobre sua dor, seus sentimentos, ou recusar-se viver esse processo, é matar a parte da pessoa que vive em você, e também arrastar-se para a morte, e não para a vida.Somos a soma de nossas relações, de todas elas. E principalmente em nossa família de origem, carregamos conosco parte daqueles seres com quem dividimos a vida. Quando meu pai morreu, por amor (ou eu achava que era amor), quis matar essa parte também dele dentro de mim também. Passei a ser menos “como ele”, pois afinal, ele não vivia mais. Mas foi assim que o sofrimento veio e que a dor ficou insuportável. Percebi que matava com isso, parte de mim mesma. Escolhi outra abordagem: aceitar e escolher.Deixar a chama da pessoa em nós mais viva ainda é uma maneira incrível de celebrar a existência dela, de honrar pela sua vida e de agradecer por esse pedacinho dentro de você. Percebendo assim, que ninguém se vai de fato. Essa foi a chave mais essencial que eu virasse para poder dar continuidade à minha nova vida, e seguir em frente com a minha história.“O que dói é o amor que fica.”, aprendi com uma amiga. E era isso mesmo, dava tanto amor para meu pai que, quando ele se foi, não soube mais o que fazer com esse amor. Até entender que precisava direcioná-lo de outras formas. Hoje, amo o lugar onde jogamos suas cinzas, onde o sinto mais vivo, em meio a natureza. Amo a parte dele que vive em mim, alegre, determinado, agitado, corajoso, divertido e acima de tudo leve e feliz. Amo dividir os gostos que ele tinha, agradeço pelos desafios que ele permitiu que eu vivesse depois de ir, pois eles me fazem crescer diariamente. E amo diversas outras qualidades que me permitiram transformar e fluir de novo, aquele amor que ficou estagnado, quase cortado, mas não de fato.“E se eu não tivesse uma boa relação com meu pai?”. É dificil fazer um relato existencial sobre algo que não vivi. Mas creio que a abordagem seria a mesma: aceitar e escolher. Talvez existam coisas que de fato possam morrer, e precisem morrer com a pessoa que se foi.Eu por exemplo morri. Minha infância, um suporte emocional como o dele, entre outras coisas, precisaram morrer.Mas acredito que a gente tende a achar que com uma morte não há mais vida, só que há.Uma nova vida.É fácil? Não. dá pra pular etapas? Não dá. A dor e a saudade vão embora? Acredito eu que não (pelo menos até hoje para mim ela não se foi).Mas aprender e se entregar com isso torna tudo suportável, e francamente, ao meu ver, muito bonito.E é importante dizer, que só consegui me entregar a sentir esses espaços e sentimentos, porque pude contar com uma bela rede de apoio emocional, com meu marido, com meus amigos, e com minha terapeuta.A beleza da vida, para mim, está exatamente nesses opostos, nessa fragilidade, nessa dança que é ser feliz e depois triste, e ser feliz de novo.De viver e renascer como uma nova pessoa ainda estando viva, quantas vezes precisar. De aprender. De honrar. Ele, e a mim mesma. E sigo vivendo. Agradeço àqueles que não vivem mais, e aos que ainda vivem, pois me ensinam muito sobre viver.E espero que esse texto possa te trazer alguma vida também, ou uma morte, ou os dois.IMPORTANTE: Se você está vivendo um luto, e sente que não consegue atravessá-lo sozinha, busque ajuda profissional. Eu sou Mariana Lima, psicóloga clínica (CRP 06/149312) e se você estiver buscando por terapia, será minha honra caminhar com você. Entre em contato aqui!
Espero que essas dicas te ajudem a começar e dar continuidade na sua terapia. Se você sente que está pronto para começar comigo, agende sua sessão aqui. Psicóloga Mariana Lima Dallaverde – CRP 06/149312

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